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Entrevistas
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Entrevista para a revista portuguesa Lux
Maio
de 2003
Está a
realizar mais um sonho neste momento?
Celine Dion:
Devo dizer-lhe que estou muito feliz aqui. Estamos a adorar
a casa onde agora vivemos, mas as pessoas têm a tendência a
pensar que não, porque Las Vegas está muito associada ao
jogo. Mas esquecem-se de que também há muitas famílias que
vivem aqui. Vivemos a cerca de meia hora de distância do
Caesars Palace, numa casa pequena, com três quartos. E
digo-lhe que está a ser fantástico, não sentimos falta de
coisa nenhuma. O meu filho pode correr à vontade, sentir o
cheiro dos cozinheiros todo os dias e eu posso ouvi-lo a
brincar todos os dias. Adoro viver aqui e adoro o que se
passa no eu quintal. Temos uma piscina pequena, vemos as
montanhas, que são lindíssimas. É deslumbrante.
Agora
apareceu em palco descalça. Nova imagem?
Celine Dion:
(Risos) O mais extraordinário é que se uma coisas destas me
tivesse acontecido à 10 anos, eu teria ficado em pânico. Não
sei o que é que aconteceu, ouvia toda a gente louca nos
bastidores à procura dos sapatos, mas também era a altura de
entrar em palco e decidi ir descalça porque senti que não
tinha nada a perder. E na verdade, resultou esplendidamente.
Gosto destas coisas porque quero que as pessoas saibam que o
que interessa não é o cabelo ou os sapatos mas os momentos
mágicos que acontecem, que nós tentamos criar e agarrar. E
já, que estamos em Las Vegas, decidi arriscar neste jogo, ir
descalça para o palco e contar a história como ela é.
O que
é que aconteceu ao seu cabelo?
Celine Dion:
Bem, eu sou mamã. E a minha prioridade para o resto da minha
vida é ser uma mãe bem sucedida, não necessariamente uma
cantora bem sucedida. Quero fazer este espectáculo de uma
hora e 40 ou 45 minutos, mas não quero passar três horas a
arranjar o cabelo. Quero chegar aqui, maquilhar-me,
vestir-me e fazer o espectáculo, e também quero ter a minha
vida e tempo de qualidade com o meu filho. E, como já disse,
não é o cabelo o mais importante.
Porque
é que dedicou o espectáculo ao seu pai?
Celine Dion:
Dediquei-lho porque no Verão passado o meu pai teve
problemas de saúde e foi operado a uma perna, e os meus pais
não estão cada vez mais novos, tal como os seus.
Os
problemas de garganta que teve eram graves?
Celine Dion:
Costumava dar o máximo da minha voz em cada canção, e
aguentar, mas já não faço isso. Agora tenho uma vida. Estive
doente, há cerca de um mês. Foi uma sinusite que me apanhou
os ouvidos, chegou aos pulmões e ainda tive bronquite. As
minhas alergias também dispararam aqui em Las Vegas. Por
isso, fiquei em casa. É difícil quando nos dizem que temos
de ficar em casa porque é a única maneira de melhorarmos.
Quando voltei estava óptima.
Porque
é que assinou um contrato de três anos? Não é um compromisso
assustador?
Celine Dion:
Como já disse, não vou dar 600 espectáculos de uma só vez.
Todas as tournées que fiz duraram entre dois a dois anos e
meio, por isso para mim não é muito diferente assinar por
três anos. Vão ser 200 espectáculos por ano e eu estou
habituada a fazer cerca de 150 e a viajar. Apanhamos um
avião, às vezes nem sabemos onde estamos, fazemos o show,
vamos para o aeroporto, viajamos para outra cidade, e às
tantas damos connosco a pensar: “Mas afinal onde é que
estive? Aonde é que vou?” Perdem-se coisas, não vemos o
mundo. Não podemos combinar um jantar com os amigos, porque
eles não estão em nenhum desses sítios. Esta é que é para
mim a verdadeira qualidade de vida. Não só por ser o melhor
espectáculo, mas porque posso, ao mesmo tempo, ter uma vida
estável. Vou poder dormir na mesma cama durante dois anos -
há muito tempo que não sei o que isso é. E sinto que fizemos
deste lugar a nossa casa, e ter uma casa é maravilhoso. Faz
com que me sinta muito bem em palco, porque tenho
estabilidade. E ser mãe, e ter um filho ou uma filha, e
andar sempre a viajar… Eu quero que a minha família tenha
segurança, mas em palco quero ter toda a liberdade. Penso
que aqui posso ter o melhor dos dois mundos. Se me
perguntar, cinco, três anos, 600 espectáculos – não faz
diferença, porque vou dormir em casa e isso é fantástico.
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