Entrevista para a revista francesa Gala
Maio de
2006
Você faz
este ano 25 anos de carreira. Que sente você?
Celine Dion:
Eu estou muito orgulhosa. Eu realizei a possibilidade que
tive de percorrer tal percurso. Durante muito tempo, eu fui
a mais nova no mundo do show-biz. E desde então eu constato
que não apareceram mais novas gerações de cantores, que
tiveram um grande crescimento. É uma impressão estranha mas
é do que eu me dou conta.
Actualmente, que é que mudou na sua vida?
Celine Dion:
Quando eu era nova, eu prendia-me aos meus sonhos. Eles
faziam-me avançar. Hoje em dia, eu não me atraso mais… Se
eles não se realizarem, não será grave.
Lamenta
alguma coisa?
Celine Dion:
Nenhuma… Mas refazia alguma coisa? Eu não sei, eu penso que
talvez não. É demasiada disciplina e trabalho. Eu dei-me
inteiramente à minha profissão e não me arrependo de
absolutamente nada. Mas hoje em dia, quando eu estou com o
meu filho e com o meu marido em casa e quando preparo o
lanche para eles, por exemplo, são momentos completamente
formidáveis que eu gostava de viver todos os dias.
Cada
semana, eu tenho vontade de recomeçar, de estar mais com os
meus, de viajar… de viver mais. Actualmente, eu estou a
passar a maior parte do tempo sobre cena.
Dentro de
2 anos, você terá 40 anos. O que é que representa isso para
si?
Celine Dion:
Será a início de uma nova vida. Eu poderei dizer «é
extraordinário o que eu consegui mas ao mesmo tempo isso é
passado»! E eu poderei começar uma existência diferente.
Podemos
entender disso que você irá parar de vez?
Celine Dion:
Não, mas eu não tenho mais vontade de fazer a minha
profissão da mesma maneira. À quantidade, eu prefiro a
qualidade. E depois, eu não vou mais viver em função da
minha voz.
Nesse
caso, no que vai assentar essa nova vida?
Celine Dion:
Nós prolongámos o espectáculo no Caesars Palace até ao fim
de 2007. Depois eu vou fazer uma pausa para mudar de casa:
nós estamos a fazer construir uma casa em dois anos. Neste
momento eu supervisiono os planos: ela será organizada à
volta da cozinha.
Eu
preciso também de repousar. Além disso, o meu filho,
René-Charles, começará a sua escolaridade. Eu inscrevi-o num
estabelecimento privado, bilingue francês-inglês. Eu vou
poder levá-lo à escola, de o ajudar a fazer os seus deveres.
Neste momento, ele tem um professor ao domicilio e é o meu
marido que trata de tudo. Eu desejo um quotidiano o mais
normal possível.
Será
também um bom período para ter o seu segundo filho?
Celine Dion:
Eu gostava muito. Mas eu acho que já tenho sorte em ter um
filho. Você sabe, deixar a casa de Las Vegas não será fácil
para nós, porque é aqui que René-Charles tem crescido. É
preciso que todos se desenvolvam em doçura.
Será uma
nova partida para todo o mundo.
Depois de
algum tempo, você saiu da sua reserva e exprimiu-se sobre a
guerra no Iraque, em mobilizar fundos a favor das vítimas do
furacão Katrina. O que é que a impulsionou a fazer isso?
Celine Dion:
Com o tempo, nós assumimo-nos, nós temos vontade de exprimir
aquilo que guardávamos. Quando eu era jovem, eu não sabia o
que dizer e o que fazer. Eu tinha medo, era frágil.
Diziam-me o que dizer. Depois, com o passar do tempo, eu
aprendi a ter a minha própria opinião. Eu andei na escola da
vida. Hoje em dia, eu sinto-me mais equilibrada. Portanto,
eu tenho vontade de batalhar contra as injustiças.
Envelhecer não lhe causa medo?
Celine Dion:
Oh, claro que não, meu Deus. Além disso, eu agarro a idade,
além disso eu tenho a impressão de me aproximar daqueles que
amo, que são todos mais velhos do que eu.
Com René, você está casada à já 12 anos. Como fazem vocês
para conservar a chama?
Celine
Dion:
Eu não tenho segredos. Nós formamos um casal como os outros.
René foi primeiramente meu manager depois meu esposo. Foi
muito difícil para mim fazer a diferença entre os dois
porque eu tinha o hábito de lhe obedecer, de executar o que
ele me dizia para fazer. Há um ano as coisas mudaram: eu
finalmente aprendi a exprimir o que sinto.
O que é que se passou?
Celine Dion:
Foi uma combinação de pequenas coisas. A minha melhor amiga
ajudou-me muito a “lançar” o meu silêncio. Ela não guarda
nada para ela; eu, eu conservo tudo para preservar o meu
ambiente. Eu observei-a muito. Um dia, ela disse-me: “As
pessoas que estão à tua volta são demasiado grandes para se
protegerem, é preciso que tu fales”.
Como reagiu o seu esposo?
Celine Dion:
Ele não perguntou mais. Eu tenho sempre um livro aberto para
o meu público mas fechado para a minha família.
René-Charles, o vosso filho, você parece-se com ele?
Celine Dion:
Ele é desportista como o pai. Mas é todo como eu, ele tem
dúvidas em exprimir os seus sentimentos e o que pensa. Então
eu devo sempre andar até ele para lhe pedir que pense. Ele
sabe que me pode dizer tudo.
Foi escrito que ele é um garoto muito solitário. Ele vê
outras crianças?
Celine Dion:
Não, não muito. Mas ele brinca com os dois filhos de Patrick,
o filho de René que vive perto de nós, em Las Vegas.
René-Charles é educado por adultos, um pouco como eu era
quando era pequena.
Diz-se também que você o mima muito…
Celine Dion:
Eu tenho escolhido para lhe oferecer tudo o posso, claro que
mais o amor que coisas materiais. Mas mesmo se ele é mimado,
René-Charles sabe partilhar: ele dá muito os seus
brinquedos. Ele não é materialista.
Porque é que ele tem cabelos também compridos?
Celine Dion:
Porque ele não o quer cortar! A minha mãe disse-me:
«deixa-o, se o cabelo o incomodar, ele dizer-to-á» Eu não o
vou traumatizar em cortar-lhe o cabelo.
Parece que ele é sobredotado?
Celine Dion:
É um matemático: ele tem a paixão pelos números. Ele vai ter
muito sucesso na escola. Ele tem uma memória fenomenal, ele
lembra-se de todos os livros. Ele lê… Ele capta tudo, ele
entende tudo.
Á porta dos 40 anos, você sente-se melhor na sua pele?
Celine Dion:
Eu espero que a mãe que eu sou tenha muito mais sucesso que
a cantora. Ao dar vida ao meu filho, eu fiquei realizada. Eu
não tenho mais nada a demonstrar, nem a mim nem aos outros. |