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Entrevista para o site AOL
Abril
de
2010
Você acabou de fazer 42 anos. Como é que celebrou o seu
aniversário ?
Celine Dion:
Foi muito
intimo. Eu estava muito descontraída, o que é bom. O último,
em turnê quando eu fiz 40, foi uma coisa em grande. Eu
estava na Austrália com bastantes pessoas, por isso foi
completamente diferente. O dos 41 eu não tenho a certeza se
me lembro. Mas desta vez, os 42, foram apenas com a família
-- nós éramos, talvez, 10 pessoas. A minha mãe estava aqui,
assim como o meu filho, o meu marido, alguns amigos e poucos
familiares que estavam na Florida na altura. Foi apenas um
pequeno lanche, muito simples. Simplesmente perfeito.
Os mais simples são às vezes os melhores.
Celine Dion:
É
verdade. Porque você tem tempo para falar, ouvir e
partilhar. Quando é algo muito grandioso, ás vezes torna-se
oprimente. Não estou a dizer que não é divertido, mas a todo
o tempo, seria demais.
Dentro de poucas semanas você estará a lançar o seu primeiro
documentário de turnê, intitulado "Celine: Through The Eyes
Of The World", que regista a sua recente turnê Taking
Chances. O que é que os fãs podem esperar desta metragem ?
Celine Dion:
Foi uma
aventura completamente fantástica -- viajar pelo mundo. Para
mim, foi muito diferente fazer esta turnê, por diferentes
razões. Primeiro porque há lugares onde nunca tinha estado
antes -- por exemplo África Do Sul, Dubai, Malásia. Foi muito
excitante. E ter o meu filho em turnê comigo, e também a
minha mãe -- foi uma aventura de família. Como artista, foi
extraordinário ter a possibilidade de visitar e ver os meus
fãs novamente. E ao mesmo tempo, ter a possibilidade de ver
o mundo e os seus tesouros e a sua beleza - ver diferentes
culturas e formas de viver. Foi muito enriquecedor,
aprendemos muito. Crescemos. Todos nesta turnê cresceram
extremamente.
Foi difícil embarcar na turnê tendo você acabado de terminar
os seus 5 anos em Las Vegas ?
Celine Dion:
No início
nós partimos com essa ideia de turnê mesmo sabendo que
tínhamos acabado 5 anos em Las Vegas. Foi algo louco. Mas
acho que foi apenas no momento, e eu não queria adiar. Não
tenho a tendência para adiar as coisas quando elas me são
apresentadas, especialmente quando envolvem outras
pessoas -- por exemplo a minha mãe. Ninguém está a ficar mais
novo e eu queria muito que a minha mãe fosse comigo. Nós
queríamos levar um fotografo e uma equipa apenas para
trazermos as memórias para casa -- para depois juntarmos um
pouco de música e de vez em quando termos uma noite em que
damos a nós mesmos um filme para vermos. Para dizer, "Oh,
lembraste disto ?" e "Oh, olha para esta foto, olha para
nós".
Eu estava
um pouco... não intimidada mas, você sabe, uma equipa de
filmagens e um fotografo tirando fotos constantemente
retraem-nos um pouco. Mas eu também tenho de lhe dizer que
não demorámos muito tempo até nos sentirmos muito
confortáveis porque tornámo-nos amigos e eles tornaram-se
parte de cada movimento que fazíamos. Eu penso que é por
isso que isto funcionou, porque nós esquecemo-nos que eles
estavam ali e porque sabíamos que isto ia ficar em privado.
Por isso tudo foi muito natural. Havia os nossos argumentos,
havia tensão, pessoas ficando doentes, shows cancelados, nós
conhecemos pessoas extravagantes, houve altos e baixos. Eles
decidiram que as filmagens estavam tão boas que talvez fosse
uma boa ideia, se nós quiséssemos também, partilhar isso com
os fãs. De dar aos fãs uma oportunidade de sentirem que
estão a viajar connosco, não apenas verem a actuação em
palco, mas especialmente... eu tenho a certeza que os fãs
que seguem a carreira de um artista, têm curiosidade sobre o
que se passa num avião ou num restaurante. Nós decidimos
dar-lhes um acesso VIP.
Eles
decidiram pôr o filme nos teatros por duas semanas. E eu
tenho de admitir que apesar de saber que estamos todos no
filme -- era o nosso filme, a nossa vida durante um ano, a
nossa experiência em viagem -- quando eu fui ao teatro e me
vi a mim própria, vi a minha aventura no grande ecrã e foi
incrível. Eu ri, eu chorei, eu lembrei-me de coisas que
honestamente tinha quase esquecido. Foi um tesouro. Você vê
a minha família, o meu trabalho árduo, o amor que tenho por
eles, pelas pessoas que aprecio na minha vida e que
realmente me ajudaram a alcançar e a ser quem sou. Você vê o
mundo.
Você mencionou os seus 5 anos de residência em Las Vegas com
actuações a cada noite, e vai retomar à Sin City em 2011.
Qual foi a parte mais recompensadora dessa experiência ?
Celine Dion:
Primeiro,
foi-me dada a oportunidade, enquanto cantora, de ter um
espectáculo incrível, de ter um coliseu construído de
propósito para o show, o maior ecrã do mundo, os melhores
dançarinos. Éramos 40 e tal dançarinos em palco a actuar a
cada noite - um visual fantástico, show dirigido por Franco
Dragone, que fez um excelente trabalho com o Cirque du
Soleil. É maravilhoso acreditar que todas as noites você
canta as mesmas canções e 10 minutos antes do show você não
acredita que vai fazer a mesma coisa outra vez, é como "Oh,
meu Deus", você sabe? Mas depois o espectáculo começa e é
mágico outra vez. Obviamente, eu amo o que faço -- você tem
de amar aquilo que faz. Mas a magia do mundo do
entretenimento em si -- saber que estamos rodeados pelas
melhores pessoas e as pessoas ainda vêm noite após noite
para ver o nosso show, é fantástico.
Você teve alguma hesitação em entrar numa produção dessa
dimensão e duração ?
Celine Dion:
Quando
nós começámos o show, ele ia de certa forma contra todas as
probabilidades e eu pensei que o Titanic se ia afundar
novamente. Eu lembro-me que antes do Titanic ser lançado, as
expectativas eram tão negativas e do tipo "Oh, meu Deus, vai
ser tão mau". Eu senti isso em Las Vegas, o sentimento não
era muito positivo - eu pensei que iria quebrar as minhas
cordas vocais, estava com muito stress, tinha percorrido o
mundo e agora iria ficar em Las Vegas, e as pessoas diziam,
"O que é que ela está a fazer?". Eu estava um pouco nervosa
mas, alguns meses antes do show começar, nós focamo-nos e
seguimos os nossos instintos e acreditámos no que estávamos
a trabalhar. Nós sentimos que era o melhor para nós. Acabou
por revelar-se uma experiência maravilhosa no palco, e ao
mesmo tempo, representou estabilidade para a família. Eu
tinha acabado de ter um bebé e mudámo-nos para Las Vegas.
Ele tinha 1 ano e meio e eu ia actuar todas as noites e para
mim voltar a casa todas as noites era um grande negócio. Eu
nunca tinha tido isso antes e já ando pela estrada desde que
era muito jovem. Por isso, para mim, ter uma casa durante 5
anos parecia-me muito estranho, mesmo sabendo que ia actuar
todas as noites. Era muito bom voltar para o meu filho, que
era muito bem tratado pela minha irmã Linda, que é a
madrinha, e o seu marido Alain, que é o padrinho. Eu sabia
que podia sair e cantar, sabendo que a criança teria
estabilidade, a sua casa, a sua segurança -- sentir-me
segura foi muito essencial para mim. E foi uma experiência
perfeita porque eu pude criar a minha família, divertir-me,
ter uma vida normal e sentir-me como uma mãe normal.
Ser mãe mudou-a como pessoa ?
Celine Dion:
Totalmente. Não é isso que transforma você, mas dá-nos
um novo significado. Eu sempre estive durante toda a minha
vida muito focada em servir a minha voz. Quando eu tive o
meu filho, isso deu-se um significado, foi como ter recebido
a melhor recompensa que alguma vez poderei receber. É
um grande sentimento que eu sinto -- sinto-me grande, forte,
recompensada... Sinto-me como se tivesse uma grande
responsabilidade. Cantar é uma preciosidade e é divertido,
mas não é importante. Fazer crescer uma criança é
extremamente importante, é a maior responsabilidade que você
alguma vez pode ter. Ele precisa de mim, e eu faço diferença
na vida dele, e isso faz me sentir maravilhosa. Foi tão
maravilhoso quando dei nascimento ao meu filho que eu não
queria voltar ao mundo do espectáculo. Eu estava a adorar
tanto ser mãe que eu não queria cantar outra vez. Não sentia
essa necessidade. E quando eu interiorizei que ele tinha um
ano e meio e eu ia cantar em Las Vegas e podia fazer as duas
coisas -- foi possível fazer ambas -- então foi incrível.
Foi um equilíbrio, foi lindo.
Você mencionou que já anda a cantar e em digressões desde
que tinha 12 anos. Há alguma parte de si que sente que pode
ter perdido a experiência da adolescência ?
Celine Dion:
Bem, você
fala em vida normal -- eu não tenho bem a certeza do que
normal já significa. A primeira coisa que não é normal, acho
que foi não ter ido para a escola até eu ter cerca de 18
anos de idade, por exemplo. Eu parei de ir à escola muito
nova, depois eu tive em algumas escolas privadas e
depois eu parei por causa da minha carreira. Isso foi
diferente e fora do comum, mas funcionou comigo. Eu não
tinha amigos... eu estava muito focada na minha carreira e
afastava-me eu mesma de qualquer actividade ou namorados ou
outras coisas. Eu tinha a minha família obviamente, obrigado
Deus, e tinha a minha carreira na qual estava focada. Eu fui
para a escola aprender inglês, para estar ainda mais
ocupada, e começar a cantar em inglês e ter sorte nesta
língua. Depois eu estive sempre muito ocupada e activa na
industria musical. O tempo voou e estou agora com 42 anos, e
é só isso... o tempo passou muito depressa. Mas se eu olhar
para uma jovem normal -- não que eu não seja normal -- mas
uma vida diferente de uma jovem que vai à escola e tem de
procurar um emprego e que realiza qual é a sua paixão e faz
aquilo que gosta, talvez elas comecem a fazer isso aos 23 ou
25 anos, quem sabe. Começar uma carreira aos 12 anos de
idade não é comum, mas não me arrependo de nada.
Muitos dirão que a sua vida, até agora, é como um conto de
fadas. É possível querer-se mais? O que você quer para o
futuro ?
Celine Dion:
Ooh -- Eu
penso que apenas quero estar onde estou hoje. Eu adoro a
minha vida. Sou extremamente afortunada. Eu espero continuar
saudável, que é o que mais importa. A minha saúde dar-me-á
aquilo que sou suposta ser. Eu continuo a sonhar. Sou
positiva, faço uma coisa de cada vez, tenho o meu marido
maravilhoso e o meu filho lindo e a minha família inteira --
somos muito chegados -- e honestamente não há mais nada para
mim que eu possa desejar. Eu quero ser, daqui a 10 anos,
exactamente como sou hoje: saudável e feliz.
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